Já com uma boa moral, a dupla resolveu trabalhar em seu próprio álbum, lançando em 2001 o sensacional "Simple Things". Mas o grande disco dos caras estava por vir mesmo em 2006: "The Garden", sendo o 4º lançamento do grupo.
Após a utilização de diversos músicos em cada gravação (menções honrosas para as vocalistas Tina Dico e Sophie Barker), em "The Garden" Henry e Sam resolveram utilizar um time mais enxuto, contando com a maravilhosa Sia Furler e José Gonzales nos vocais, além de outros instrumentistas de altíssimo gabarito.
O belíssimo resultado já começa a ser percebido na faixa de abertura ,"Futures" uma aventura espacial embalada por uma bela melodia no piano e bons arranjos de cordas. O baixo marca presença com um som redondo, dando espaço para uma leve bateria e detalhes do teclado.
Logo em seguida, a melhor canção do disco rompe os alto falantes. "Throw it All Away" é guiada pelo uso do teclado Rhodes, com uma bateria certeira, reta, mas delicada. O destaque absoluto, não só da canção, mas de todo o álbum (e talvez da carreira do Zero 7) é a vocalista Sia Furler: extremamente carismática e bem-humorada, possui uma voz marcante, expressiva. Além de tudo, sua letras são doces, porém firmes. Nada de chororôs de pessoas solitárias e abandonadas.
É o que se pode conferir pelo restante do álbum, em faixas como a sexy "You're My Flame" e acordeônica "The Pageant of The Bizzare", em que a loirinha australiana rouba a cena, apesar do bom trabalho instrumental do grupo.
Aliás, falando de instrumental, "Seeing Things" é a prova viva de qua a música eletrônica pode ser elaborada, técnica e até mesmo virtuosa. Para quem acha que o estilo está condenado às fanfarronices tocadas nas boates da vida, pode começar a rever seus conceitos.
Já José Gonzales aparece também muito bem em passagens mais introspectivas do álbum. "Left Behind" possui somente um violão e avoz "chuvosa" do sueco. Destaque para "Your Place", em que sua suavidade mostra as caras na introdução, induzindo porém a canção para uma passagem ousada, com utilização do naipe de metais.
A produção do álbum é de altíssimo nível, requintada, agradando os ouvidos dos mais exigentes. A bateria é utilizada de maneira intrigante, com pratos bem agudos, no melhor estilo jazzístico, mas uma caixa marcante, fazendo a marcação necessária para o trip hop. A sonoridade dos teclados embasbaca. A multiplicidades dos efeitos não descaracteriza o som vívido dos Rhodes, tornando a audição confortável e prazerosa.
2. Throw it All Away
3. Seeing Things
4. The pageant of Bizarre
5. You're My Flame
6. Left Behind
7. Today
8. This Fine Social Scene
9. Your Place
10. If I Can't have You
11. Crosses
12. Waiting to Die